Caros amigos do passado bem distante a ponto de nem lembrar mais os nomes ou apelidos da galera que fervia nas noites de Sábado na Osvaldo, mais conhecida como o bonfá, lugar de todas as tribos e criaturas esquisitas que no decorrer da noite se transformavam em espíritos delirantes se apoderando das esquinas escuras do bairro. Era uma grande curtição, o som dos anos 70 ecoava nos quatro cantos da longa avenida de moradores de classe alta, e do comercio em plena expansão, dando um certo ar de filmes de terror dos anos cinqüenta. Os freqüentadores dos bares e bocas do local eram tidos como vermes e deveriam ser devidamente esmagados pela forte ditadura que mandava na época, cagando ordens sem saber do que se tratava apenas desenvolvia o regime sem piedade de ninguém, baixando o pau de forma generalizada em tudo que se movia ou tentasse se locomover, a maioria estava muito doidão para correr dos homens de preto e militares metidos a besta. Entre mortos e feridos sempre sobrava alguém para contar a historia, e entre estes sobreviventes restou a lendária figura do ultimo dos podes crer, que ainda circula pelo bairro Bom fim, com seu cabelo cumprido, sua bata colorida, combinando com a calça boca de sino e uma sandalha surrada e vários badulaques como colares e pulseiras com símbolos da época. A filosofia era a do PAZ E AMOR, faça amor não faça guerra, e quanto mais doido era a criatura mais prestigio tinha no meio dos adeptos a este modismo intitulado hippie. Na linguagem dos puritanos e moralistas, eram vagabundos incorrigíveis considerados a escoria da humanidade. Foi talvez quem sabe o movimento mais perseguido de todos os tempos, não sobrando quase ninguém, apenas poucos barrigudos e carecas chefes de famílias que negam de joelhos que nunca freqüentaram o bonfa. Restando para este solitário andarilho da redenção e avenidas do centro de Porto Alegre, provar para o mundo que esta geração existiu, mesmo que a grande maioria tenha se escondido atras de uma falsa moral, que na época era coisa de bocô moco...
segunda-feira, 20 de abril de 2009
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